quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

As ilusões dos pensamentos e a beleza da realidade.



   Quem precisa de chuva pra inspiração, precisa do verão. A chuva de inverno é fraca e rara, no verão há tempestades, possibilidades de boas metáforas, melhores emoções, mais intensas; a força da tempestade deixa tudo mais profundo.
   Depois de passar a manhã e parte da tarde na casa de um amigo, Mauro resolveu ver o a mar, sentir a energia que dele emana. Sentou-se na calçada, observou o mar, o sol, as pessoas. Entendia que para aproveitar aquilo tudo deveria estar presente, ter consciência o tempo de todo de quem era, de onde estava, porquê estava ali; precisava estar atento a tudo que estava fora e dentro. Enquanto durou, foi maravilhoso, pode aproveitar cada raio de sol em seu rosto, cada rajada de vento em seus pêlos, cada beleza que passava em sua frente. Entretanto, nossa vontade é fraca, nossa consciência é frágil, basta um fato qualquer e os pensamentos tomam conta.
   Um carro passou e levou Mauro junto. A música que tocava fez com que pensasse numa mulher que gostava, nos momentos que passou com ela, o medo que teve de se declarar, pensou como seria se o tivesse feito, nos beijos, nos abraços; a lembrança dessa mulher o levou a um sítio, um final de semana com os amigos, a possibilidade de um novo encontro, desta vez namorando a tal mulher; a lembraça do sítio o levou a um show que marcou com os amigos no dia seguinte ao sítio, mas não pode ir. A mente nunca pára de trabalhar, foram várias lembranças, desejos, projeções, alegrias, frustrações, pensamentos, etc.
   O céu escuro ainda de dia, ondas batendo, o vento soprando forte, pingos caindo aos poucos e a chuva se fez presente. Mauro nem percebeu os primeiros pingos, os passos apressados das pessoas  fugindo da chuva trouxeram a mente de Mauro de volta. Olhou o céu escuro, as praia vazia, um outro cenário. Enquanto sua mente vivia na ilusão, ele perdeu toda a beleza real que estava em sua volta. Perdeu o Sol passeando no céu, o barulho das ondas, as meninas que passavam ali - uma, inclusice,  o encarou por um bom tempo -, as nuvens negras chegando, os trovões - belos são os trovões, parecem cantar exclusivamente pra alma -, tudo porque o pensamento estava longe, sua alma não estava presente.
   Pôde, ainda, perceber um pouco de tudo aquilo; viu a chuva aumentar, alguns saindo da praia correndo, as meninas molhadas. Sentiu cada pingo caindo. Ficou sentado por um tempo, queria aproveitar um pouco o que a mente havia lhe roubado: toda a beleza de estar ali.
   Levantou-se e foi embora. A chuva e o mar renovam as energias. Estava feliz.

(Queila Maria e Rui Felipe )

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A chuva e o encontro da felicidade

    Era um dia típico de verão no Rio de Janeiro; sol forte e anúncio de tempestade. É interessante como duas maravilhas do tempo ficam lado a lado; de um lado o sol queimando com força, do outro, nuvens negras, trovões e a tão maravilhosa chuva chegando, junto com a ela a promessa de alma lavada.
   Karla estava sentada na areia, olhando o horizonte, olhando o mar. Em suas viagens fez uma analogia entre o mar e a alma. Podemos pegar um barco e navegar por todos os oceanos, mares, lagos e rios, ainda assim, existira mistério no fundo de cada lugar, na beira, em volta. Ela poderia se conhecer, se analisar, se estudar, mas ainda assim, existiram coisas que não poderia conhecer sem os equipamentos certos, como se não pudesse conhecer o fundo do oceano, seus seres, encantos, magias e vida.
   Ela andava triste, nenhum motivo aparente, só um vazio que todos carregamos. Preenchemos este vazio de várias formas: Ideologias, sonhos, lutas, pensamentos, etc. Pode ser o futebol, a moda, a música, a religião, a bebida, drogas, etc. Em alguns estas coisas não são suficiente, o vazio continua; e isso é bom, nos dá o indício de que devemos procurar algo superior.
   O sol ia perdendo espaço pras nuvens, e Karla observava aquilo com brilho nos olhos. A chuva eminente dessipava a tristeza, o vento ero o encarregado de levar pra longe, a tempestade trazia consigo boas energias.
  Cairam os primeiros pingos, fortes, como que querendo fixar vibrações novas na alma de Karla. Fechou os olhos, abriu os braços, sentiu o vento, sentiu-se no céu; talvez estivesse, o mundo é algo surpreendente.            Correu até a sua bicicleta, colocou o fone e pedalou. Pedalava pela rua como uma criança feliz, ouvia uma música linda, uma letra linda, uma melodia linda; ela não sabia explicar o que acontecia, mas era algo profundo. A pessoas olham aquela louca passar, sorrido de forma estranha, cantando alto; todos se abrigaram em algum lugar coberto, mas ela queria era se molhar, nada mais importava.
   A chuva cumpriu sua promessa, a alma estava lavada. Era uma felicidade que nunca havia sentido antes. Não tinha encontrado o homem dos sonhos, não tinha ganho na loteria, não conseguiu um bom emprego, não tinha comprado ingresso pra sua banda favorita que iria tocar no Brasil pela primeira vez, não tinha passado no vestibular, apenas estava tomando banho de chuva.
  Chegou em casa em estado de êxtase. Não ligou pra bronca que levou da mãe, até concordou; não se importou com a implicância do irmão mais novo, até achou bonitinho. Deu um beijo em cada um e foi pro quarto, colocou uma música new age e deitou na cama. Pensou no momento que tinha acabado de viver, como algo tão simples a fez sentir uma alegria sem tamanho; começou a repensar o conceito de felicidade.
   Anoiteceu. Karla queria ver a lua, mas está se escondeu atrás das  nuvens, queria que Karla as visse e lembrasse da tarde maravilhosa. Mas a lua não se escondeu por muito tempo, também queria ver de frente o estado mágico que ainda restava na alma de Karla. Aquela lua linda e brilhante iluminou todo o quarto, deu mais sentido à música baixa, e fez Karla pensar. O vazio novamente se fez presente, ela sabia que nunhum dos itens acima citados a fariam feliz como esteve naquele dia, e quis descobrir como sentir aquilo novamente.
   Acordou com os pássaros cantando, o sol brilhando no chão, um vento leve e um sorriso calmo no rosto. Percebeu que a felicidade está além das coisas deste mundo, que toda alegria conseguida aqui não é maior do que a felicidade na alma. Decidiu buscar esta felicidade, não sabia aonde, mais iria encontrar um mode de tê-la de forma permanente. Começava ali a maior e mais importante busca das vidas de Karla, agora ela buscava o cosmo, buscava se fundir com o universo, busca a verdadeira paz eterna, buscava a paz interna, buscava voltar ao seio da mãe natureza.

sábado, 28 de novembro de 2009

Perco memória

dizem por aí que não ando bem
 queimei o arroz
 passei do ponto
 perdi a hora
 perco tudo, às vezes parece que perco a memória
bate uma brisa e leva tudo
esqueço do arroz
da dor e do amor
e deixo pra depois
esqueço que não ando bem
e fico feliz

( Queila e Rui )

a luta do guerreiro / corpo x alma

Uma alma despejada procura um novo lar
Em campo aberto, somos vulneráveis
Qualquer canhão, qualquer flecha é letal
Ferido, o esnobe torna-se humilde

Eis aqui o guerreiro. Imprudente, imperito

Derrotado, humilde e sobras de orgulho
Contradições de estruturas complexas
Finge não ter dor,  não ter ferimento

Não é ator, é confuso
Confusão que compromete atos
E transparece as intenções
Confuso, o guerreiro não sabe se se entrega ou se foge
aí trava-se outra batalha:
o corpo e a alma

corpo cansado, quer cair e sentir
alma cansada, quer fugir e transcender

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O fim de uma raça.

   Passou um tempo desde a última catástrofe. Havia cicatrizes na alma das pessoas, mas a vida continua, mesmo que alguns insistam em sentir o passado - por alegria ou tristeza - o tempo segue em frente. Era um mundo novo; novas terra, novas potências, nova economia, novas religões, ciência, conceitos e filosofias - claro, tudo com resquício do antigo, nada de totalmente novo surge, sempre há uma mistura com o passado. Enfim, novos paradigmas, novo modo de viver.
  Ana estava observando o céu, um céu com azul fosco, em nada lembra o azul vivo que lera nos livros; imaginou como seria. Lembrou de um livro do ano de 1997 no qual a autora dizia ter lembranças de outras vidas, e que o céu de sua época era morto, em nada lembrava o azul pulsante de suas vidas passadas. Ana imaginou como seria o céu em 1997, se era como via nas fotos ou se seria mais real, mais emocionante. Depois da grande noite o céu perdeu muito de sua vida; três dias de noite contínua alterou a estrutura da terra e das pessoas. Ana era nova mas lembrava; desespro, suicído em massa, muitas orações; dias dificeis.

   Já tinha observado o suficente. Hora de ir trabalhar. Usou mais uma vez seu cilindro de oxigênio, vestiu a máscara e saiu de casa. O ar era muito poluído. O homem não souber preservar a terra que se tornou um lugar muito difícil de se viver.
   Andando pela rua Ana percebeu algumas pessoas olhando para o alto, virou-se para olhar e ficou surpresa. Havia algo brilhando, como um segundo sol. Ficou com medo do que iria acontecer dessa vez. Muitas catástrofres e acontecimentos estranhos ocorreram ao longo do século. Lembrou de uma música antiga que dizia assim: "quando o segundo sol chegar...". Certa vez leu a história da composição da música. O autor tinha uma amiga esotérica que disse que um dia um segundo sol surgiria no céu; no início ele ironizou e disse:

- Como assim? Mas a Nasa e os governos não disseram nada.

Depois repensou a questão e fez a música, em respeito a crença de sua amiga.

   Não demorou e todas as pessoas foram pra rua ver o que estava acontecendo. Alguns tinham a esperança de ser um novo começo, outros com o medo de ser o fim. O governo pedia calma nos meios de comunicação, mas pouco adiantava.
   Uma mulher se aproximou de Ana e disse:
- É o fim, agora falta pouco. Este é o tal planeta X que muitos falaram, deram diversos nomes, e hoje se faz visível. É este. Enfim, chega o fim de mais uma raça. No futuro nossa humanidade será só uma lenda. A história de um povo que foi destruído por ter ser tornado tão perverso, assim como a Atlântida. Não há muito tempo, não há o que fazer.

   Ana olhou aquela mulher, pensou em suas palavras, refletiu. Talvez aquilo fosse o melhor, talvez fosse preciso para poder surgir uma nova humanidade. Para o novo nascer é preciso o velhor morrer.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vidas

  Marcelo, 22 anos, 1,80 de altura, pele clara, cabelo loiro, curto, magro, boa aparência. Era uma pessoa complicada, não trabalhava, não estudava. Vivia a reclamar da vida, sempre procurando alguém pra chorar seus lamentos; reclama da vida, da família, da falta de emprego, das desilusões amorosas. Andava sempre em rodas de samba, levava consigo um violão e uns trocados pra bebida. Era uma pessoa muito depressiva, às vezes falava em se matar. Curiosamente, seus amigos eram esperançosos, viam sempre o lado bom da vida, e era estranho como Marcelo convivia com eles, já que as pessoas se atraem por vibrações. Vai ver era um forma de seus amigos fazerem algo por Deus, ajudando ao próximo de alguma forma.
  Certa noite, de poucas bebidas, nenhuma mulher e muita depressão, Marcelo resolveu se matar, como já havia pensado outras vezes, mas dessa vez a vontade ganhou força.
  Temos vontades más em nós que se manifestam de forma sutíl, é aquela vozinha na cabeça, aquele sentimento estranho, a vontade de matar alguém, a vontade de não viver. Por vezes, a vontade ganha força e terminamos fazendo algo do qual nos arrependemos, e às vezes não tem vota. Quantos são os casos de pessoas que agrediram e até matram alguém num momento de fúria, e depois se arrependeram, profundamente?
   Marcelo conseguiu uma arma e se matou. Remoeu-se em seus dramas, seus problemas que não eram problemas, seus complexos, suas frustrações. Colocou a culpa na sociedade, em Deus, etc. Chorou e clamou inocência, sentiu-se vítima do mundo.

   Antônio tinha uma banda de rock, uma namorada que amava, fazia faculdade e tinha um ótimo estágio. Foi um adolescente complicado; problemas com a família, com a bebida, com depressão, mas as coisas mudaram, tudo estava dando certo. Estava com muita vontade de viver, tinha esperança na vida. Gostava muito dos seus amigos, todas estavam sempre com o astral pra cima e isso fazia bem pra ele.
   Antônio saia tarde da faculdade e numa dessas noites foi surpreendido por um tiroteio, uma bala acertou sua cabeça.
  Antônio, 22 anos, 1,80 de altura, pele clara, cabelo loiro, longo, magro, boa aparência. Gostava de viver, tinha muitos planos, mas o curso de sua vida foi interrompido.


  Há que diga que a vida é um acaso, outros acreditam que tudo tem motivo. Uns vão dizer que a culpa foi do tráfico, da polícia, da sociedade, etc. Outos vão dizer que tinha que acontecer, era seu destino, seu karma.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Ganhei mais um selo [:)]
Mas dessa vez, irei quebrar as regras rs
Acho que ando meio... sei não
pra pode indicar alguém rsrsrs
mas vale o selo
obrigadooooo

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


"Quando a dor se aproxima
Fazendo eu perder a calma
Passo uma esponja de rimas
Nos ferimentos da alma

O espetáculo não pode parar"
( Cordel do fogo encantado)

Vidas e vidas e mais vidas
Muda o figurino
O roteiro continua

Tramas e mais tramas
Alegrias e dramas

Escondem uma verdade nua
É tudo um vício
Ilusão no precipício

Efêmeros amores de rua
Maravilhado pela história
Sem saber que é velha releitura

Onde repetidamente atua
Liberte-se
Deixe de ser marionete

Conhece a realidade crua

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ganhei um selo, não é legal???
Fiquei feliz!


e indico este selo de baixo para 3 blogs

http://vocevaisobreviver.blogspot.com/
http://singularways.blogspot.com/
http://dressa-pensamentos.blogspot.com/


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Escrevo 2

Escrevo pra passar o tempo
Escrevo por tédio, por alegria
Por inspiração, por emoção
Escrevo pra passar verdades, ou contar mentiras
Não que queira mentir
Muitas das verdades são irreais
Escrevo pra enganar os outros e pra me convencer
Pra convencer os outros
Escrevo por orgulho banal
Pra parecer inteligente
Por vontade vacilante
Porque acho bonitinho

Por vezes escrevo pra disfarçar

Eu sou assim... Escrevo pra me mostrar de besta. Porque o meu poema redime o meu lado mau
E preenche minha alma vaga
Porque a poesia torna o dia florido – quando quero, quando posso –

Só pra disfarçar
Encantar, enganar

E, sinceramente, tentar levar um pouco de luz ao mundo
E ver se ascende qualquer coisa em mim

( Thaise de Melo e Rui Felipe )

domingo, 4 de outubro de 2009

Escrevo

"Eu sou assim... Escrevo pra me mostrar de besta. Porque o meu poema redime o meu lado mau."
( Thaise de Melo )

sábado, 3 de outubro de 2009

Dê a outra face.


Mateus 5: 38-39

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”

   Está é uma linda passagem da bíblia. Poderíamos refletir bastante em cima dela. Claro, uma frase simbólica; não quer dizer que vamos andar por aí virando o rosto para todo mundo bater.
   Somos seres saturados de diversos tipos de orgulhos. Quase sempre pensamos o melhor de nós e o pior dos outros, e não percebemos nossos próprios defeitos. Isso faz com que vivamos no “olho por olho, dente por dente”.

Mateus 7:3

“E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?”

   Podemos viver de forma mais tranqüila se passarmos a não dar tanta importância para as coisas, afinal, tudo passa mesmo e só fica as modificações em nossa alma.
   Em uma discussão todos os lados julgam ter razão, pensam estar certos, porque enxergam apenas o próprio ponto de vista; às vezes, realmente, temos razão, mas será que vale a pena brigar por tudo, mesmo sendo esta luta justa? Por vezes podemos perder algo pra ganhar coisa maior; perdemos agora para ganhar mais na frente.
   Um exemplo bem simples: Andando pela rua alguém esbarra na gente ou pisa em nosso pé. Digamos que erro foi da outra pessoa. Por não somos nós a pedir desculpa? E se esta outra pessoa, mesmo errada, julga-nos e passa a esbravejar, como se tivesse razão, vale à pena discutir? Quantas mortes nos noticiários que foram causadas por uma simples discussão, uma pisada de pé num ônibus, uma briga no trânsito? Se levou uma fechada, mas não danificou o carro e não houve prejuízo, vá embora. O que ganha xingando e gritando, além de engordar a própria ira, o próprio ego?
   Obviamente, muitas vezes devemos nos impor, lutar por algo certo; não devemos ser bobos e passados pra trás o tempo todo. Mas vamos analisar cada caso, ver a situação, pensar se vale à pena. A vida pode ser mais leve se agimos desta forma; sufocando nossos defeitos – orgulho, ira, etc. – e dando espaço para a consciência.
   Somos a soma de nossas ações em várias vidas. Ações boas e ruins.


“Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor...
... Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz”

Los Hermanos

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O assalto!


Ele ia andando na rua, acompanhado de um amigo. Era uma noite estranha, a visão um tanto turva, uma sensação estranha. Estavam apressados, andavam muito rápido. Conversavam sobre a violência das cidades, sobre a ganância e a necessidade doentia de dinheiro e sobre os assaltos.

Enquanto conversavam um homem se aproximou, mostrou a arma por debaixo da blusa e pediu o dinheiro. O amigo entregou a carteira. Ele pegou uma nota que tinha no bolso da frente e entregou; quando colocou a mão no bolso de trás para pegar o restante do dinheiro, o ladrão se assustou e atirou. A bala pegou no abdome. Enquanto ele caia o bandido correu. No chão, ele viu o amigo desesperado, gritando por ajuda. Viu o sangue saindo e colocou a mão pra tentar diminuir a hemorragia.

A visão foi ficando cada vez mais escura, e então, se viu em cima da cama, tinha acordado.

Ficou triste por causa daquela alma. Não percebia que estava morta, e continua a fazer as mesmas coisas que fazia em vida. As mesmas alegrias, prazeres, dramas, tristezas, etc. Continuava a roubar. E ficou triste por si próprio, por ser tão parecido com aquela alma, por não ter percebido que aquilo era um sonho, e porque irá repetir tudo o que faz em vida depois que morrer. Ficou triste por estar adormecido.

sábado, 19 de setembro de 2009

A lua e o sol

Ela estendeu a canga e os dois sentaram. Estavam felizes por estarem ali, curtindo férias da vida normal, observando a noite, o céu, os barulhos da natureza, a calma. Uns dias no mato, se não descansa o corpo, descansa a alma, e está agradecia por estar ali, como que sentindo estar mais próxima de algo que perderá.
   Já não se escutuva Raul no violão, nem risadas e conversas, estavam distante o bastante para ouvir apenas a natureza e um ao outro. O frio mostrava sua força, mas os corpos podiam contar apenas com as roupas; estavam interditados. O que outrora era imaginado, agora não se cumpria por conta dos caminhos do destino.
   Nenhuma palavra era necessária naquele momento, bastava estar ali, mas ele resolveu puxar assunto.

- Veja! A lua está linda, do jeito que gosto: cheia, grande, branca, baixa, como se fosse cair na terra.
- Realmente, é linda. Mas você prefere so sol, não é?
- Gosto dos dois.
- Mas prefere o sol?
- Sim. O sol é um ser vivo, a lua um corpo morto.
- Sério?! Isso cientificamente?
- Não, esotericamente. A lua teve vida um dia, assim como a terra hoje. No futuro a terra será convertida em uma lua. É a ordem natural das coisas. Tudo finda um dia, menos Deus e a nossa alma.

   Ela parou e ficou pensando por alguns instantes. Gostava de ouvi-lo falar sobre vários assuntos; alguns achava graça, outros deixavam-na surpreendida. Achava-o sábio, embora ele soubesse o que era: uma pessoa comum.

- Como sabe disso? - ela perguntou.
- Através de uma pessoa iluminda.
- E quem vivia na lua?
- Nós. Toda a nossa humanidade.
- Você lembra desta época?

Ele riu e respondeu.

- Não. Mal lembro o que comi semana passada.

E continuou num tom mais sério.

- No início, tudo o que aprendemos é por meio da fé cega; porque alguém nos contou ou vimos em algum livro. Sei que te disse uma vez que devemos investigar tudo o que queremos saber, pelo nosso próprio esforço, mas somos seres limitados. Por enquanto acredito no que os mestres dizem, e espero um dia desenvolver a capacidade de conhecer tudo por mim mesmo, sem intermediário. Toda a história da humanidade está na memória da natureza, qualquer um pode ver.
- Gosto das coisas que você diz.
- Não faço nada  além de repetir o que aprendi.

   Agora quem parou para pensar foi ele. Lamentou-se por perder tanto tempo aprendendo na teoria e praticando muito pouco. Pensou nas pouco experiências que teve e no imenso mistério maravilhoso que é o mundo.

- Somos seres de possibilidades - disse ele - só precisamos achar o caminho até Deus.
- Tudo isso me fascina e me apavora.
- É normal ter medo. Acho que tenho mais medo do que você.

  Os dois riram. Ficaram quietos por um longo tempo, apresciando o momento. O frio dizia que já era hora de dormir. Despediram-se, prometeram ter boas conversas no dia seguinte, e cada um foi pra sua barraca, aproveitar o pouco tempo de noite antes do sol brilhar novamente.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Homenagem ao Sol


Veja o brilhar do Sol
Tão indiferente àqueles que faz viver
Existe simplesmente
Simplicidade que transcende
Além do malabarismo intelectual
Ultrapassando qualquer teoria

Sinta o brilhar do Sol
Tão conectado àqueles que faz viver
Morra com seu excesso
Paralelo ao terror católico
Morra com sua escassez
Similar à alucinação nórdica
Não cometa a heresia de culpá-lo
Pelo inferno que se fez em você

Contemple o brilhar do Sol
Tão uno àqueles compreensivos na alma
Belo dia e feixes de luz transpondo folhas
Adentrando cômodos com auxílio do vento
Suave, aconchegante, como um leve ar
Tão diferente àqueles que sabem

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

EGO


Então, está certo, confirmado. Entendo a confusão que sou, porém, não compreendo. Tudo é uma revolução sangrenta, sombria; não há paz. Tudo o que sou é uma desordem micro-cósmica.

- Nossa, que sol lindo! Como gosto do calor.
- Mas uma chuva cairia bem, adoro tomar banho de chuva.
- Vou fazer um suco, está quente.
- Bebo água. Já começou o jogo e não quero perder nenhum lance.
- Está passando uma reportagem interessante no outro canal, posso ver o jogo no segundo tempo.
- Preciso visitar um amigo.
- Faço isso outra hora.
- Meu Deus! Tenho que estudar
- A preguiça me toma.
- Estudo mais tarde.
- Hoje não, amanhã.
- Amanhã tenho que ir...
- CALEM A BOCA!

Há dentro de cada um de nós vários personagens, que lutam entre si, cada um querendo impor a própria vontade. Somos uma marionete e nossas vidas um grande teatro, destino feito, cartas marcadas.
Desejos, vontades, medos, esperanças... São sonhos, sonhos de uma ilusão. Ilusão provocada por seres estranhos, inumanos, que tomaram nossa alma, nosso templo. Não percebemos, mas estão em nós.
Pode parecer loucura, e é! Tudo isso aqui é uma grande loucura, nós somos uma grande loucura. Nossa vida é uma corrida doida procurando satisfazer nossos desejos que no fim em nada resultam. Vem uma onda a destruir nossos castelos de areia, vem a morte e o fim das coisas temporárias.
Preocupações, conquistas, dores e tudo mais. Amamos tanto isso, sem motivo, sem lógica.

- O texto está uma porcaria.
- Não, está ficando bom.
- Poderia estar fazendo melhor.
- Por que não desisto de escrever?
- Nem pense nisso.
- Vou parar e ficar batendo papo no msn.
- Não, vou comer alguma coisa. Não tenho fome, mas quero comer.
- Está indecisão me mata.
- Vou ver um filme.
- Ótimo, um filme de terror.
- Não, quero rir, quero uma filme de comédia.
- Talvez, então...
- Silêncio!

Deus, como é difícil o verdadeiro silêncio, o santo calar, a calma interna!
Legiões estão a me torturar! Quantos pecados...

- Quero ouvir música.
- Que não seja Chico. Cansei de ouvir.
- Cordel! Há tempos não escuto
- Mas quero algo novo.
-...


domingo, 23 de agosto de 2009

Porque todo destino surge na hora certa
Nem antes, nem depois
O leve ventar forjando ligações
Toda vontade é frágil
Só é forte a vontade divina

Tudo é merecimento
Inclusive o amor

Toda vontade se torna forte
Quando debaixo da vontade celeste

Toda dor, toda luta
Sementes do fruto da vitória
Um obstáculo a ser superado
Uma prova de amor

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Submerso em trevas estou
Cego, um vale de sombras
Andando por imensos becos
Dolorosos, árduos, penosos

Vela acesa num universo sem estrela
Pedacinho de Deus desgarrado
Fagulha divina insistente em brilhar
Luta heróica, Davi contra Golias

Milhares de pensamentos aterrorizam
Sentimentos ruins amargam a alma
Desejos e desejos encobrem o real
Nuvem turva desvirtuando a mente

Luto, batalho, percorro
A cada instante, guerra de trincheira
Com paciência busco minha alma
Engarrafada em seres sombrios

Difícil o caminho ao reino do céu
Lentamente, homens saem da caverna
Chama pequena da vela sonha ser estrela
A alma urge ser livre



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Um dia no bosque
Céu azul claro brilhante
Pequenas nuvens passeando
Leve vento com ar celestial
Árvores dançantes, natureza cantante
Sol irradiante

Um dia no bosque
Sucos, frutas e doces
Boa conversa, boas almas
Suave passeio
Silêncio aconchegante

Um dia no bosque
Fadas e duendes ao redor
Pássaros e anjos
Incensos acenando pro cosmo
Mente serena
Pés no ritmo da pulsação do planeta
Boas energias fluindo

Um dia no bosque

quarta-feira, 4 de março de 2009

Palavras agora são obsessões
No vazio da inspiração garimpo puras expressões
Se a emoção demora no tempo
O intelecto cavalga até o templo
Vigiando momentos
Como o mel a escorrer lentamente
Letras saltam do vácuo
Forçado, lutado, demorado
Coagindo a alma
Por qualquer migalha que pareça original
E temos aí
Um punhado de versos
Sem rima, sem clima
Mas com alegria
Aprecie cada palavra aqui
E preencha
Por um momento
Sua alma vaga

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Oh, Deusa
Repare o tormento
Console meu lamento
Realce minha beleza

A beleza de minha alma
Suas faculdades mágicas
Ainda melancólicas
Cheia de tanta calma

Oh, Senhora, faça-me ver o amor que tens por mim
Mostre-me os tormentosos caminhos a intuição
Brote-os em meu coração

Oh, Terra
Cheia de virtudes, de vida
Que me alimenta a cada dia
Sabedoria que nunca erra

Lentamente, faça-me sentir
Os mistérios da existência
As esquivas das penitências
Deixe seu amor fluir

Oh, Senhora, faça-me ver o amor que tens por mim
Mostre-me os tormentosos caminhos a intuição
Brote-os em meu coração

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

FECHADO PRA BALANÇO

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Semente Ácida

O que me diz desta nevasta nuvem ácida?
Que bloqueia a minha alma,
Faz turvar as luzes dos meus sentidos...
Destroi minha imagem apresentável.
(Inepta da Quel)


Sou Teoria e somente.

Puxe um lápis e plante uma locução de semente,
Sou versátil na medida do caminho,
Por isso me condene ao sol da ingenuidade,
perante a translúcida insensatez.
Eu vivo, eu vibro, eu tento seguir...
Me leve para perto de algo que vale a pena lutar.
Semente, protegida por um guardião:Demônio, gente ou anjo...

... eis ausente Inspiração!
(Inepta da Quel)