quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O sino





   Meu presente pra ela: Um Sino. Sim, um sino. Pode parecer estranho, mas é o que mais sentido fez pra mim. .
   Pensei em dar uma flor. Ela poderia colocar a flor no cabelo, se olhar no espelho e iluminar a rua com a energia irradiante da sua alegria. Talvez, colocasse a flor ao lado da TV, assim não se perderia com tantas bobagens dos programas, a flor prenderia sua atenção; poderia ver e conversar com o elemental da flor, passaria horas escutando relatos do mundo mágico e teria na flor uma amiga a quem contaria todos os segredos. A flor também ficaria bem na cozinha, todos os alimentos seriam de uma grande graciosidade; com aroma especial, fariam leve o corpo de quem deles provasse. Quem sabe colocaria a flor no quarto para ter sonhos floridos, sonhar com campos imensos e leves, com pétalas dançando com o vento um tango de primeira qualidade, montanhas e lagos cristalinos; encontraria fadas indicando o lago especial, nele mergulharia sem se afogar, pois não seria preciso respirar; lá no fundo encontraria uma princesa sereia, de quem se tornaria irmã. A varada de seu lar receberia a flor com muito agrado, a mais nova flor a enfeitar a frente da casa, a encantar os gatos brincando no jardim e as crianças divertidas na rua.
   Mas flor é um presente tão comum, e uma flor causaria confusão. A beleza das duas poderia me confundir, não saberia quem é quem, e eu poderia ficar apaixonado pela flor. Seria estranho, um homem apaixonado por uma flor; a moça ficaria triste e passaria a odiar todas as flores, o mundo ficaria menos encantado. A flor poderia se tornar a atenção da casa, como um bebê recém-nascido, a moça seria a irmãzinha ciumenta, uma pequena desarmonia desnecessária. Flores morrem logo, a moça ficaria muito triste em perder seu presente maravilhoso. Pior seria se encantar tanto com a flor e se esquecer de mim, seria trágico.
   Pensei em dar bombons. Ela comeria imaginando a doçura de nossos beijos, a doçura de um passeio em um museu, a doçura de brincadeiras infantis e tantas outras doçuras. Dividiria os bombons com as amigas e conversariam coisas de mulheres, uma conversa animada. Imaginaria viver em uma casa de chocolate, em um vale místico, com seus filhos aprendendo a viver em comunhão com a natureza. Doce mesmo seria viver em uma praia no nordeste, com o doce forte sol o ano todo.
   Mas uma moça tão doce recebendo mais doce criaria um desequilíbrio, o mundo ficaria mais amargo; seria injusto tornar o mundo mais amargo para favorecer uma moça. E se a moça tivesse uma disfunção estomacal? Seria engraçado contar a história mais tarde em uma roda de amigos, mas seria arriscado. O pior de tudo, eu amo chocolate, eu comeria mais do que ela, não seria nada gentil.
   Pensei em dar um poema. Um punhado de versos sinceros poderia falar diretamente em sua alma e poderia entender que o sentimento é sincero. Moças gostam de poemas. Acharia lindas as palavras bonitas, as comparações e declarações e me acharia um gênio. Mostraria a toda a família o quanto ela é minha musa inspiradora. Colaria na porta do armário, na parede do quarto ou no fichário.
   Mas e se ela não gostasse do poema? Se reparasse nos erros de português e na falta de talento? Poderia entender errado alguma tentativa de um verso mais elaborado, poderia entender o poema como um “Adeus”, seria desastroso.
   Por isso o sino. Todo sino é um pouco religioso e faria o nosso amor sagrado. Alguns orientais usam o sino como forma de comunicação com Deus, como se fosse o telefone, de um lado a alma, do outro, o infinito. O sino pode fazer o místico mudar o estado consciência. No ocidente o sino é o lembrete, faz o homem lembrar que Deus existe – para aqueles que acreditam -. Coisa linda é sino de igreja tocando em cidade pequena, toda aquela gente chegando para missa, tantas senhoras cantando, um som que também encontra a alma. Uma cena magnífica.
   Ela guardaria o sino na mesa do computador, tocaria sempre que sentisse saudade, tocaria antes de sair pra me encontrar e antes de dormir, para sonhar comigo. Tocaria o sino no dia do nosso casamento, levaria o sino na nossa lua de mel, na Grécia. Seria o som do sino a avisar nossos filhos do almoço na mesa. O som que também alertaria nossos netos. O sino se perderia nas futuras gerações, e um de nós, novamente encarnado, acharia o sino em um velho baú de família, ouviria sua história, tocaria e se encantaria. O som tocaria na alma velhas lembranças, mesmo que o intelecto na soubesse.
   O nosso amor poderia não dar certo, mas ela guardaria o sino. No início iria chorar, mas como tudo passa, iria esquecer, e o sino acabaria em um baú. Certo dia, quando estivesse mudando de casa, sua filha acharia o sino e mostraria a ela, a moça tocaria e lembraria de mim, com carinho, e guardaria novamente. Seria o selo da nossa eterna amizade.
   De qualquer forma, o sino acabaria dentro de um baú, nas histórias, os baús são cheios de tesouros, e o nosso maior tesouro é a nossa alma, e a nossa alma é eterna. O sino nos ligaria eternamente. Pare sempre, almas companheiras.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Concurso de Poesias

O dia hoje veio leve, a paz que é bom sentir, aquela paz pós-chuva; o sol brilhou forte dentro de casa, trouxe vida. As nuvens vieram ocupar o lugar que, talvez, não seja delas - no verão, chuva e tempestade vem no fim da tarde, a manhã é do sol.
Entendo as nuvens, conviver com os humanos fez com que ficassem gananciosas; porém, não tiraram a força do sol e mim. Recebi um email avisando que fui selecionado pra final de um concurso de poesias. Não é lá grande coisa, só 17 participantes, mas fiquei feliz. O prêmio: um livro de poesias da coleção LPM Poket
Peço que quem gostar do poema, vote em mim. O endereço do blog pra votar está logo embaixo. O local de votar fica no lado esquerdo superior :)

http://marcelareinhardt.blogspot.com/2010/01/resultado-da-1-fase-do-concurso-de.html

Aqui o poema:

Do tempo
Não existe, mas tenho, curto tempo
Sei que não existe
Mas o rotina não acredita, e toma meu tempo
Deus não disse
O homem fez
Sol lá, Lua cá
Ainda que eu não conheça as leis da física
Entendo a relatividade do tempo
Ao mesmo tempo, curto e rápido
Podemos viajar no tempo
Espaço, astral, pensamento, físico...
Deus permite
Não o Deus tirano
Deus vento, ar, árvore, luz, sol, sentimento,...
É tempo de ter esperança
A velha e surrada esperança
Presente na metade dos poemas
A outra metade é desespero
É tempo de fazer do tempo o tempo que quiser
Do curto tempo, um longo tempo
O que nós fazemos, além de trilhar o tempo, atrás da falsa, ou verdadeira, felicidade?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O homem feliz e o infeliz.

Algumas pessoas nascem com sorte, outras com azar; algumas têm sucesso na vida, outras são fracassadas; algumas são felizes, outras apenas vivem, suportam. A sorte sorri para poucos, o azar, para muitos.

Fernando, um homem de sucesso, jornalista, casado, pais de três filhos; tem um ótimo salário, uma ótima casa, um belíssimo carro; quase sempre passa as férias na Europa, janta em restaurantes caros, passa os feriadões na sua casa de praia; a filha cursa medicina, um dos filhos cursa direito e o outro quer ser engenheiro. Fernando tem uma vida que muitos gostariam de ter, é respeitado, bem visto, é um homem feliz, um homem de sucesso.
Da janela do trabalho Fernando observava a bela paisagem – o sol, as montanhas, o bosque – quando o telefone tocou. Pensou ser a amante, esperava o telefonema dela, mas não era; para sua tristeza, era a esposa avisando o filho mais novo tinha sido pego mais uma vez com drogas na escola, e que desta vez seria expulso. A diretora tinha chamado a polícia e ele teria que ir à delegacia novamente, a segunda em duas semanas – na semana anterior foi tirar o filho do meio que se envolveu numa briga de gangue numa boate. Era complicado ter dois filhos homens problemáticos, a menina era a única que não dava dor de cabeça – isso na opinião da mulher do Fernando, pois ele achava o contrário, via na filha a maior vergonha da família. A filha mais velha era lésbica, morava com uma mulher, Fernando não matinha contato com ela, dizia que gostaria ter uma filha morta a ter uma aberração.
Fernando desceu rápido, no caminho para pegar o carro, esbarrou num lixeiro que trabalha no local. Respingou um pouco de sujeira no terno caríssimo de Fernando, que olhou com desdém para o lixeiro, falou um palavrão e continuou em direção ao carro. Quando ia saindo do local, xingou o trabalhador de pobre infeliz.
O pobre infeliz tinha um nome (apelido): Seu Zé
Seu Zé era um fracassado na vida. Trabalhava recolhendo lixo dos outros, morava numa favela, numa casa pequena que dividia com sua mulher e seus dois filhos. Pegava ônibus cheio e demorava uma hora para chegar no trabalho. Sua filha, a mais velha, trabalhava numa loja tirando xerox e estudava num pré-vestibular comunitário, ia tentar uma vaga no curso de pedagogia. O filho mais novo não sabia bem qual profissão seguir. Adora desenhar – o que fazia muito bem -, além de ser muito inteligente.
A casa de Seu Zé, apesar de simples, vivia em harmonia. Seu Zé quase não brigava com a esposa, se amavam como pouco acontece nos dias atuais; os filhos, apesar do trabalho que dá criar, respeitavam e seguiam os conselhos dos pais. Não se envolviam com drogas ou em brigas, apesar do ambiente propício. A diversão do Seu Zé era o futebol no final de semana, corria bem pra um homem de quarenta e oito anos; de vez em quando organizava um churrasco com os amigos, bebia um pouco, o suficiente pra não chegar bêbado em casa. Nas férias visita parentes no estado vizinho, nos feriados visitava parentes nas cidades vizinhas. Era sempre uma grande alegria rever os pais, irmãos, primos, sobrinhos, amigos, etc.
Pobre Zé! Um miserável, um nada na sociedade, só mais um entre tantos, um zero à esquerda! Nasceu no fracasso e morrerá no fracasso. Um homem infeliz!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Entre trovões e MPB

Teu fogo reflete a inocência do ser
Brincadeiras de quem está por viver
Teus risos indecisos, tão firmes que arredia
Recrutam esperança no fim do dia
A bobeira é simplesmente clichê
Como rebeldes com blusas do che
Caio nesta trama de dama
Te convido pra brincar na lama
Só não pare quando o trovão vir
Fugir de raios te fará curtir
Quando descansar à sombra de uma lona
Ao fundo uma música da Madonna
Pode ignorar no teu deitar
Mas fadas e duendes irão te contatar
No sonho lhe mostrarão um mundo belo
Com rios de leite e chocolates de martelo
Só você, criatura, que é única
Meu presente pra você: uma túnica
Pra proteger da chuva depois que banho tomar
Da janela faremos das nuvens um mar
E neste mar versos lançar
Fazer a magia por nós balançar
Você na batida do seu descobrir
Mundo maravilhoso irá se abrir

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Amor e Paixão ( tentativa frustrada de algo mais elaborado - tô aprendendo... rs)


   Há uma confusão na compreensão das pessoas sobre o que são o amor e a paixão. A maioria pensa que são a mesma coisa, mas são completamente diferentes. O amor é um sentimento nobre, verdadeiro, virtuoso, compreensivo, sábio, pacífico, etc. A paixão é um sentimento passageiro, cego, animal, muitas vezes doentio, violento, perigoso.
   Hoje a pessoa apaixonada diz que ama incondicionalmente, mata e morre pelo tal amor, daqui a algum tempo, mal se lembra da pessoa, tudo o que sentia perde a importância, muitas vezes dá lugar ao ódio. O amor é algo para a vida toda, é muito mais profundo, muito mais belo do que uma paixão passageira.
   Muitas vezes caímos no fascínio da mente, dos desejos, e acreditamos que amamos.
   Existe, também, a diferença entre o amor consciente e inconsciente, mas isso é assunto para outra hora.

   Era uma tarde fria do mês de julho, um tempo seco e frio, apropriado para quem gosta de exibir modelitos de inverno.
   Ângelo estava de férias em sua cidade natal - Curitiba. Já havia passado seis anos desde que tinha ido morar em Recife, e ainda estava acostumado com o frio, difícil era se adaptar ao calor do nordeste. A capacidade de adaptação vária de pessoa pra pessoa e também pra cada quesito: Língua, roupa, costumes, etc. Ângelo usava uma roupa leve, ao contrário de sua esposa, Maria, e seu filho, Gabriel, que usavam pesadas roupas de frio.
   Estavam comprando ingredientes pro almoço no mercadinho ao lado da casa dos pais de Ângelo. Saindo do mercadinho, Ângelo encontrou Tales, um velho amigo. Apresentou a esposa e o filho ao amigo. Conversaram um bom tempo, falaram sobre coisas do passado, do presente, planos do futuro; falaram da vida. Depois de meia-hora, cansada de esperar, a mãe de Ângelo, Leia, foi atrás das compras. No mesmo momento em que ela  interrompeu a conversa, uma moça alta e magra dobrou a esquina. Era Clara, ex-namorada de Ângelo. Clara olhou Ângelo nos olhos, observou a criança que era a cópia de Ângelo, olhou Ângelo mais uma vez e continuou andando, com um certo ódio no olhar.
   Só Tales e Ângelo perceberam a cena. Veio à memória de Ângelo toda a alegria e drama que viveu com Clara. Fantasmas do passado.

   Clara e Ângelo eram jovens; como todo jovem, tinham sonhos, muitos sonhos. Entre os sonhos estava o desejo de uma vida juntos; filhos, netos e tudo mais. Juras de amor eterno. No início tudo eram flores, tudo era maravilhoso, como se só aquilo bastasse para viver. Logo vieram as brigas, os ciúmes, as diferenças, as imperfeições, tudo o que não percebemos quando a paixão nos cega. Com o fim da paixão, se há uma dose de amor, amizade, cumplicidade, leva-se uma boa vida, senão, há muito sofrimento.
   A paixão de Ângelo, apesar de intensa, era curta, logo desencantou com Clara. Mas ainda levou o namoro por um bom tempo – talvez por apegou ou por medo da solidão. Já a paixão de Clara era mais intensa e longa. Totalmente ciumenta e possessiva, foi cada vez mais afastando Ângelo; quando este terminou o namoro, ela tentou se matar. Depois de idas e vindas, algumas outras tentativas de suicídio, Ângelo rompeu definitivamente com Clara, que inconformada, vendo em Ângelo sua única chance de felicidade, mergulhou no mundo das drogas.
   Ângelo encontrou uma outra pessoa, mudou de cidade, constituiu família, passou a ter novos ideais, nova visão de mundo; deixou Clara no passado. Clara continuou a pensar em Ângelo. Chorava, xingava, bebia, fala sempre do mesmo assunto com todo mundo.

   O encontrou reavivou as lembranças de Ângelo e reforçou o drama de Clara. Um misto de saudade, ódio e dor tomou conta de ambos. Logo Ângelo partiria e deixaria tudo aqui para trás. Clara, por outro lado, continuará vivendo o passado, remoendo velhos dramas.
  

Encomenda para JecaTatu

A inda que eu a fizesse sem inspiração
N ada valeria uma poesia sem razão?
A inda que pseudo-encantado pela JecaTatu
N ão haveria roda de dança de maracatu
D ar-te-ia, talvez, parcelas de gentileza
A ssim ficaria - sensível feliz - repousada em tua nobreza

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Auto-Conhecimento




Te advirto, seja tu quem fores!
Oh! Tu que desejas sondar os arcanos da natureza, que se não achas dentro de ti mesmo aquilo que buscas, tão pouco poderás achar fora.
Se tu ignoras as excelências de tua própria casa, como pretendes encontrar outras excelências?
Em ti está oculto o Tesouros dos tesouros.
Oh! Homem! Conhece a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses…


Templo de Delfos, na Grécia

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ananda

Ananda, menina, mulher
Ananda dos seios fartos e sorriso fácil
Melões, ama-de-leite, riso de luz
Ananda palhaça, sem graça
Chata



Menina lerda, dirpersa, no mundo da lua
Lua dos sonhos, das bruxas

Ananda que nasce, que cresce, que vive
Ananda que vive sonhando na lua
Seus sonhos de bruxa mulher
Magnífica



Ananda bordada, aquela que marcelo cantou
Ananda de flor, de rosas, de verde, de mato e riacho
Aquela que tá por aí, que vi por aí



Ananda pequena, dos pequenos dramas, das pequenas alegrias
Do pequeno coração que abraça o mundo


Não é Márcia, nem Flávia ou Kátia



Ananda, tire o pijama e deite na cama
Não sonhe, não dorme, a estrela pode esperar
Me beije, me abrace, faça de tudo por mim


Ananda malandra, pilantra, ladrona
Vestido bordado, no boteco, na praia, no ar
Moça que olha
Um tom de vermelho que guarda pra si este doce sabor

Ananda que ama, que gera paixões e guarda pra si o doce sabor


Ananda de Santos e eu rezo por todos os santos
Ananda que é chata, palhaça
Ananda de luz



Ananda que engana e se engana
Você não é nada, não é de nada, te vejo e nada
Ananda que não percebe que é um espelho
Você é um reflexo, vejo um refexo de tua mana
A imagem daquela que ama, que engana, que encanta, que canta


Ananda sacana, não chora, só ri e despreza
Ananda tristonha, de sampa, do ar, do mato, da lua
Aquela que vive, que fala, de quem não sei nada

domingo, 3 de janeiro de 2010

Alice e o plano das possibilidades maravilhosas.

  Do ponto mais alto da cidade ela observava. Era noite, Alice olhava tudo com grande atenção, aquela grande e velha cidade; de noite parecia um enorme labirinto, sujo e escuro. Mas era tão fascinante, estar ali era algo único. Olhou os becos quase vazios, as pessoas dormindo em suas camas, algumas com a tv ligada, alguns crimes, coisas comuns.
  Alice olhou pro alto, fez uma oração, desejou e começou a subir. Flutuava como uma pena, só que subindo. A cidade foi ficando cada vez mais pequena, cada vez mais distante, até sumir. Agora tudo era azul, em cima, em baixo, dos lados. Subiu cada vez mais, até que chegou num ponto que parecia ser o limite da terra. Mais uma vez olhou pro alto, não viu estrelas e nem naves, só um escuro pronfundo e belo. Olhou o horizonte, viu o sol, na mesma altura, como nunca tinha visto, é bem diferente vê-lo numa praia, ali pareceia ter mais vida e mais sentido, parecia sorrir, como se quisesse encantar e contar segredos divinos.
  Aquilo tudo era belíssimo, Alice estava maravilhada com aquilo que estava vivendo, sabia que era privilegiada, a maior parte das pessoas não podia viver aquilo, mas ela estava ali, no céu, vivendo algo magnífico, com seu corpo leve, suave, cheio de boas energias.
   Começou a descer, em queda livre, um forte vento no rosto. Apesar de saber que nada de grave iria acontecer, sentiu um certo medo, mas estava gostando, era um mergulho num céu azul e limpo, nenhuma aventura radical se comparava àquilo. Foi descendo até voltar ao ponto mais alto da cidade.
   Foi uma das melhores experiência que Alice lembra ter tido nesta vida, não foi a primeira e nem a última, mas foi especial, sentiu algo especial, uma presença marcante no coração. A oração trouxe algo especial, como se um anjo estivesse ali, fazendo sentir forte a sua presença.
  Ainda não era o fim, naquele lugar, naqueles becos, Alice viveu outras experiências, não tão boas. Nem só de belezas essas experiências são feitas, mas isto é algo pra se contado numa outra oportunidade.