segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Comentário sobre Anne

Anne e seu vestido azul
Tão belo, chama-se blue
Anne das unhas multicoloridas
Unha multicolor
Enfeita Anne tatuada pelo calor
O Sol prestigia suas várias vidas

Anne e sua pose de viagem
Olhar achado, longe de qualquer bobagem
Talvez seja maconha
Delicia-se na miragem
Oculta paisagem
Ela apenas sonha

Anne e seu brinco de pena
Valoriza sua pele morena
Beleza do norte
Não é beleza exótica
É simplicidade que toca
O pássaro perdoa a própria morte

Anne e seu olhar egípcio
Por ela um mortal avança no precipício
Tanta beleza deve ser castigo
Seu rosto pode ser maia
Figurante, pousada na praia
Engrandece um filme antigo

Sua posição é oeste
Sua posição é noroeste
Depende de quem vê
Com seu vestido azul
Todo mundo é sul
Maquiagem de TV

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Continuar

 A tempestade vem longe, negra, horripilamente; mas ainda não é hora de abandonar o barco. O mar treme, as ondas aumentam, raios cortam o céu; mas ainda não é hora de desespero. Espere a tempestade chegar. O motor começa a falhar, as luzes começam a piscar; mas ainda não é hora de chorar. A tripulação enlouquece, o casco racha; mas ainda não é hora de pular. Os passageiros se matam, o barco afunda; mas não pode se afogar. Procure um pedaço de madeira, espere, beba água dá chuva; será difícil, mas ainda não é hora de morrer. Nade até a ilha mais próxima. Descanse, ore, agradeça o ar, o sol e a chuva; nunca é hora de praguejar. Faça um sinal com pedras, um sinal de fumaça, um sinal telepático; ainda não é hora de se ocultar. Construa uma jangada, um barco, um dirigível; ou construa uma casa, uma varanda, habite a ilha. Talvez alguém tenha sobrevivido com você; erga seu país, sua civilização.