Esta é uma curta passagem da longa jornada de Emuê.
Emuê é meio homem, meio pássaro, meio animal, meio peixe, meio planta, meio duende, meio fada-macho, meio matéria, meio energia, meio ar, terra, água e fogo, meio eu e meio você. Na verdade, não sei ao certo o que ele é, mas imagino um pouco disso tudo aí, inclusive, você.
Aqui, tudo gira em torno dos dois copos que foram oferecidos a Emuê – ou que servem de desculpa pra história -: um copo com suco de cacto e outro com vinho e mel. Por vezes, erramos tentando acertar e acertamos querendo errar. Emuê tomou o copo com suco de cacto e dispensou o outro que, embora não oferecido explicitamente, ele sabia que podia tomar. Se a minha má matemática não me derrubar, quatro eram as possibilidades: nada tomar, tomar o suco de cacto, tomar o vinho com mel ou tomar ambos.
Quem pos os copos foi Helena... não! Nós a chamaremos de Maria. Ou a chamaremos de Isis?!? São muitos nomes e todos querem dizer a mesma coisa, é que não costumo usar nomes originais. Pois bem! Meus pensamentos fizeram uma votação – há suspeita de compra de voto -, Maria foi o nome escolhido.
Quem pos os copos foi Maria, a bruxa Maria, ela colocou o copo com suco de cacto em cima da mesa e disse:
- Tome, Emuê, lhe fará bem.
- Tome, Emuê, lhe fará bem.
Emuê, errante caminhante, tinha sede, não gostava de cacto, mas como não queria provar o vinho com mel, por achar que lhe faria mal, tomou o suco de cacto.
Enquanto Emuê bebia, Maria dançava. Colocou uma bela música hipnotisante, uma roupa atraente e dançou, dançou e cantou. Todos os seus movimentos, cantos e olhares, apontavam pro copo de vinho com mel que estava no chão, ao seu lado. Ele observou atentamente a cada movimento, cada olhar, cada detalhe no corpo da bruxa; era linda, muito linda, sua beleza escondia seus cabelos de cobra e sua mente terrível, embora os desejos fossem sinceros.
Talvez, tomar o vinho com mel de Maria fosse a solução pra fugir do fogo que o perseguia; às vezes um mal menor cura um mal maior.
Antes de estar na casa de Maria, Emuê esteve em um condado, onde encontrou muitas bruxas. Apaixonadas por ele prepararam um grande banquete: frutas, carnes, bebidas, etc. Tinha de tudo. Queriam agradar Emuê, queriam que ele morasse ali, mas emuê não queria. Com muita insistência, aceitou ficar por algumas noites, à beira de uma fogueira. Mas elas queriam mais, bruxas querem sempre mais, queriam consumir Emuê em seus fogos.
Fizeram uma grande conjuração, um grande ritual, invocaram um demônio, dele pediram um grande poder de fogo e lançaram contra Emuê. Ele correu desesperado, aquele fogo, aquela fumaça, eram sufocantes. Alguns animais ajudaram na fuga, como pena tiveram parte da floresta queimada. As bruxas enviaram alguns soldados, mulheres guerreiras, pra capturar Emuê, que com muita luta conseguiu esvair-se, e chegou à montanha, num vilarejo, onde foi pedir abrigo na casa da Bruxa Maria. Na fuga, entre galhos queimados, lanças e flechas, Emuê pisou e matou uma formiga e um caracol, pondo fim em suas buscas e numa fábula que contaria uma história: “A formiga sonhadora e caracol corredor”. O livro jamais virá a ser escrito. Que o conto de emuê valha a pena.
As bruxas foram gananciosas, podiam tê-lo por algumas noites, mas quiseram para todo o sempre; apenas o absoluto vive para todo o sempre. Ele beberia e comeria por uns dias no condado, antes de seguir viagem, mas agora estava lá, no vilarejo, na casa de Maria, sedento e faminto.
Enquanto Maria dançava, Emuê bebia aquele suco ruim e pensava; foi difícil pensar com a bruxa e seus movimentos. Poderia tomar o vinho com mel, o néctar maravilhoso das bruxas, embriagar-se em sua música, navegar em seus desejos, no seu olhar venenoso, fazer dos seus abraços nuvens serenas num mar de tormentas; merecido presente depois de tanto sufoco que passou. E, tocado pela bruxa do vilarejo, seria rejeitado pelas bruxas do condado, o perigo seria, então, não mais fugir de seus fogos, mas escapar de suas fúrias, o que seria mais perigoso, mas menos angustiante. Maria poderia ter posto um feitiço no vinho com mel, ao invés de ficar preso no condado, ficaria preso no vilarejo, seria o fim da jornada. O feitiço poderia estar no cacto que bebia, que era de péssimo gosto, mas bebia em agradecimento a boa recepção que teve; as bruxas são cheias de artimanhas. Ele tinha fome, sabia que com o vinho com mel viria um grande pedaço de carne assada, tinha comido bem no condado, mas a perseguição o deixou com muita fome.
Emuê resistiu bem, apreciou os encantos da bruxa, mais não caiu em sua hipnose. Tentou distrair-se contando à bruxa os caminhos de sua aventura, seus desejos, idéias e objetivos. Maria também contou suas aventuras, desejos, idéias e objetivos. Emuê não tirava os olhos do vinho com mel, bebia o cacto como remédio, como forma de esquecer.
Vendo que Emuê não cederia aos seus encantos, Maria tentou uma outra estratégia. Disse a Emuê que ele precisava ir, pois não queria enfrentar as fúrias das bruxas do condado, este era um fardo só dele, além do mais, tinha seus afazeres, feitiços pra preparar, a horta pra cuidar e precisa voar em sua vassoura. Com toda delicadeza, levantou-se, abriu a porta e disse:
- Vá, Emuê, já está na hora, já descansou, já matou a cede, é hora de ir.
- Vá, Emuê, já está na hora, já descansou, já matou a cede, é hora de ir.
Mas o corpo e os olhos da bruxa diziam:
- O que espera? Beba o vinho com mel, beba tudo, saboreie cada gota, basta você pegar.
- O que espera? Beba o vinho com mel, beba tudo, saboreie cada gota, basta você pegar.
Emuê não queria ir embora, olhava atentamente os olhos da bruxa e o copo com vinho e mel, se recusou a ir embora.
Um sino tocou, era o sino da igrejinha do vilarejo, e sempre que o sino tocava algumas bruxas do condado visitavam o vilarejo, iam tratar de diversos assuntos. Dessa vez Maria falou sério, mandou Emuê ir embora, ordenou que saísse pela porta dos fundos. Não queria problemas com as bruxas do condado, até porque, Emuê não teria tempo de tomar do o copo de vinho com mel. Ele ainda ouviu o som das bruxas do condado enquanto escapava pelos fundos.
No caminho de volta à sua jornada, encontrou algumas bruxas do condado. Além do fogo, teve que enfrentar suas fúrias, agora sem ajuda dos animais, talvez dos Deuses. Livrou-se rapidamente das fúrias, mas o fogo continuou a persegui-lo. E assim teve que continuar sua jornada, enfrentando os grandes desafios e fugindo do fogo que o perseguia.
Se tivesse provado o néctar das bruxas, mesmo com todo o perigo, estaria livre o fogo das bruxas do condado. Provou o suco ruim de cacto e negou o néctar de Maria; mais um entre tantos possíveis erros durante sua jornada.
A vida é feita de escolhas, sempre há uma escolha, sempre há um caminho alternativo, e nunca sabemos aonde vamos chegar. As escolhas de Emuê o levaram até ali, a escolha pelo suco de cacto o levará a um certo lugar, que ele não sabe, eu não sei e você também não sabe.
Talvez o néctar o transformasse numa águia, num tigre, num golfinho; talvez o ajudasse bastante em sua jornada. Não sabemos como Maria preparou o néctar das bruxas, e qual seria o resultado dela.
Está é uma curta passagem da longa jornada de Emuê, que ainda não fiz, não pensei, mas que existe em algum lugar dentro de mim, dentro do universo, que talvez eu descubra um dia e passe prum livro, ou que ficará eternamente oculta.
31 comentários:
rsrsrs, pois é Rui!!
rsrsr, grande amiga minha.
abraço
olá Rui, orbigada pelo comentário
atualizei o blog, ja estava na hora uahuhauha
muitoo legal esse conto, (é um conto?)
eu ñ tomaria suco de cacto uhauhuahuha
beijos
uma ótima semana
Emuê poderia ter tomado o Guaraná Jesus e seria salvo eternamente. Foi por isso que vc perguntou se existia o vinho Jesus? Pelo que entendo o vinho Jesus é o sangue de Cristo tomado pelos padres durante a missa. Portanto: existe o Vinho Jesus.
GRANDE ABRAÇO!
mtu bom ^^
Gostei da historia de Emuê!!!
Sim vc teve passar isso para um livro!!!!!
Muiuto bom cara parabéns
Adorei o conto, muito bom
Sua escrita é boa, mas o texto parece um pouco confuso. Aprimore mais, vc leva jeito.
Abço!
Esse é um blog meio viagem =]]
legal, bom pra se inspirar...
www.dedonacara.com.br
Eu gostei do conto mas foi necessário sua explicação no final para que compreendesse onde queria chegar ... nossas escolhas levam a lugares indefinidos, só descobriremos no caminho ou algumas vezes só depois de percorrer todo o trajeto para compreender a consequência do que escolhemos.
aahh, deveria passar pra um livro sim,
ta mto bom.
beijao
www.daqueelejeito.blogspot.com
excelente esse conto
massa o blog ;D
Adorei teu blog =D
http://borusbr.blogspot.com/
Ta beleza então.
hauaha
Mas vai ser ótimo.
haha
^^
Isso ai, poderia desenvolver a história toda cara... só tome cuidado com o português.
http://bardoge.blogspot.com/
grande Emuê!
Viva Emuê! kkk
Pode publicar tranquilo!
é muito boa essa história...
legal seu blog, de parabens!
estou te seguindo então me segue também se nao paro de te seguir !
por pierre do www.marionaweb.net
hohoho gosteei do conto!
*--*
Òtimos textos.
Tu tem uma criatividade magnífica.
Só não és criativo para escrever comentários.
Nem leu os textos.
Mas tudo bem, os teus são bons e isso q importa.
Abraço
Post longo e chato
li até a metade e quase morri de tédio
emuê já merece ter todo meu respeito só por ter tido coragem de tomar suco de cacto ! belo texto.
RETRIBUI A VISITA ?
O QUE TE FAZ FELIZ ?
www.tiagocsehak.blogspot.com
Fato,poderia sim passar Emuê para um belo livro..
demais, tenho até medo do meu comentário nõa chegar a altura desse texto...
amigo, vc é um dos poucos que escrevem com imaginação hj em dia...
parabéns...só te peço um favor...sem querer sem folgado né rsrs da uma olhada do meu blog, eu escrevo poesia, não precisa ler todas é claro, que uma crítica sua seria de grande importância pra mim...
sucesso
http://alisson-monteiro.blogspot.com/
parabens
coloca tudo no papel que vc consegui fazer um livro tranquilo!!
parabéns!
sucesso
ate++
http://sabermaismuitomais.blogspot.com/
Ei!!!
Chegando pra conhecer
seu espaço e adorando!
Mas passa la
no meu canto.
Te espero.
Bjins entre sonhos e delírios
Kraca ke home ke era meio tudo..
ótimo as suas fábulas. mto sucesso ai..
----------------
http://so-para-elas-blog.blogspot.com/
Realmente todos os seres vivos tem um pouco de Emue e Emue tem um pouco de nós. Acho que ele na verdade se resume no nosso lado errante, no cair, levantar, ir e cair e assim vai. Gostei muito da história, muito mesmo! Parabéns!
Obrigada por comentar no "...etudoquepenso."
Beijos, paz e luz!
:)
cara, a idéia está aí ... só falta aprimorar!
Bjos
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