quarta-feira, 30 de junho de 2010

Arrisco seus cabelos verdes

Ela veio do norte, sem pretensões e ambições.
A vida não é mais que uma festa multitemática
Em estradas com curiosidades futeis.
De carioca a espanhola, com olhos clichês
Refletidos num copo de vodka,
Numa noite quente de outono;
Mas ela sente frio.

Entre assuntos tão normais,
As novidades que não vimos tv,
Ouvimos o porteiro comentar
E não tardamos a criticar
O assunto popular da vez,
O tira gosto ruim da esquina.

Ela é a dona da louça da vez.
A turma continua a conversar.
Do canto do sofá mesclo
A fumaça do cigarro com seus cabelos verdes,
Imagino uma cena de cinema,
Um beijo de novela russa;
Mas nunca vi novela russa.
Continuo a viajar.

Ela joga um prato na parede,
Um protesto contra o frio.
Todos acham muito rock n roll,
Mas não param a jogatina.
Pego o violão com as cordas enfumaçadas,
Arrisco cantar seus cabelos verdes.
De carioca a espanhola.
De pele escura.
Arrisco seus cabelos verdes.

sábado, 12 de junho de 2010

Simples coincidências / Devaneios no vidro / Perfeição de um segundo

Simples coincidências.

Calma!
É só minha cara de susto.
Tire de tua face a expressão de espanto.
É só a surpresa que não pude disfarçar.
São só simples coincidências!
Por ver você aqui,
Ao pensar, você me aparece, assim,
Sem avisar, sem alerta, sem anúncio.
Por você não ser clarevidente, diminuiu minha saia-justa,
Minha vergonha; segredo pouco bem guardado.
Não repare minha fulga.
Vou ali, em lugar nenhum, fazer nada,
Mas aqui não dá pra ficar, preciso respirar,
me recompor.
São só simples coincidências.
Pensamentos e ondas.
Simples coincidências.
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Devaneios no vidro.

No vidro a imagem refletida da flor,
Do verde em valsa lenta, harmônica.
Na cadência do sopro do vento.
Entre nós, por um segundo, um corpo de belos contornos,
Num andar deselegante e terno, que se confundem.
Tronco marrom, entre flores lilás e imagens refletidas.
Entre passagem de andares deselegantes e verdes dançantes.
Devaneios

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Perfeição de um segundo.

O tempo parou por um segundo.
Toda a eternidade contida num segundo.
Pássaros e ventos silenciaram,
Animais e pássaros simplesmente obeservaram.
Justa e felizmente, carros e aviões mudos.
O vazio do som tomou todos os cantos;
na essência do vazio, mistérios universais.
Pausa, contemplação, compreensão e paz.
Por um segundo a perfeição.
E fim.
Voltam os barulhos, as picadas, a imperfeição;
O estado imperfeito de sempre.