domingo, 4 de novembro de 2007
- Olá.
- Oi.
- Como está você?
- Estou no passado...
- No passado?
- Sim, este tempo já não é o meu.
- Quem é você?
- A pergunta certa é, quem eu era?
- Está bom, quem era você?
- Fui algo muito bonito, que gerou vida, que fez o inverno arder como o verão, e fez o verão ser aconchegante como o inverno; eu trouxe luz e esperança, fiz brilhar um par de olhos lindos, fiz o beijo do vento ficar mais doce; fiz tudo isso, não acha que fui belo?
- Sim, você foi. Conte-me mais sobre seus feitos.
- Não foram muitos, mas o suficiente para que eu possa viver ainda hoje. Houve promessa de uma vida inteira, sonhos e mais sonhos, uma nova visão do mundo, amor; eu fiz alguém ser feliz, por um tempo curto, mas fiz.
- Nossa, você é especial!
- Não, eu fui especial.
- O que você é agora?
- Uma simples lembrança, posso até dizer, triste lembrança, e alguns outros adjetivos. Quem me busca na memória, me chama de patético, tolo, sonhador, infame, idiota, sentimento juvenil, ilusão, passageiro. Insignificante!
- E você é mesmo?
- Talvez sim! Gostaria de ser a esperança concretizada em realidade, o amor e seus frutos, o sonho e o céu, e muitas outras coisas. Porém, nem sempre somos aquilo que queremos ser.
- Por que perdeu o brilho?
- Porque alguém me fez acender um par de olhos, e depois não soube mantê-lo acesso.
- Será possível reviver esse tempo áureo no presente?
- Sinto dizer, mas acho que não. Já não há espaço para que eu brilhe como antigamente, sou apenas uma lembrança.
- É uma pena, você foi mágico.
- Fui... Hoje sou só um borrão.
- Sinto muito por tudo.
- ...
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2 comentários:
Poxa, gostei do texto... Se é o que eu entendi, sempre há textos sobre o outro lado, sobre a pessoa cujo inverno ardia como o verão e cujo verão era aconchegante como o inverno, mas nunca há esse lado da história...
Muito bonito o texto
Belo texto.
Mas evazivo talvez por medo do autor não se mostrar.....
[]s L.Sakssida
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